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Agronegócio

UE adia lei antidesmatamento, mas gera ainda mais preocupações e intensifica debate

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A decisão do Parlamento Europeu, tomada em 14 de novembro, de adiar por um ano a implementação da lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR, sigla em inglês) trouxe alívio momentâneo ao setor agropecuário brasileiro, mas também levantou novas preocupações. A postergação estabelece a entrada em vigor das exigências em 30 de dezembro de 2025 para médias e grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para pequenas empresas. O adiamento, aprovado por 371 votos a favor, 240 contra e 30 abstenções, segue uma proposta da Comissão Europeia, pressionada por exportadores e membros do bloco, como a Alemanha.

impacto nas negociações com o mercosul e críticas de discriminação

O texto revisado da EUDR gerou forte reação no Brasil devido à criação da categoria “sem risco” de desmatamento. Essa classificação isenta países desenvolvidos de obrigações rigorosas, como due diligence e checagens anuais, enquanto aumenta a burocracia para exportadores de nações em desenvolvimento. O Brasil, que ocupa posição de destaque no mercado global de commodities agrícolas, teme prejuízos competitivos e danos à sua imagem internacional. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertou que a norma discrimina produtores brasileiros e compromete exportações no valor de US$ 14,6 bilhões anuais (cerca de R$ 81,5 bilhões).

Além disso, a CNA solicitou ao governo brasileiro a inclusão de um mecanismo de reequilíbrio nas concessões comerciais com a UE. O receio é de que o endurecimento das normas ambientais inviabilize as vantagens negociadas no acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, ainda pendente de ratificação.

possível recurso na omc e reação governamental

A inclusão da categoria “sem risco” despertou críticas quanto à imparcialidade da lei. Países como o Brasil, Indonésia e Malásia estudam recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar o caráter discriminatório das novas regras. O governo brasileiro, representado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, declarou que o adiamento oferece tempo para negociações e reforçou a necessidade de defender os interesses nacionais em fóruns internacionais.

Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério, destacou que o diálogo com a UE deve focar em evitar que a legislação prejudique o acesso do Brasil ao mercado europeu. No entanto, ele também afirmou que, se necessário, o Brasil poderá adotar medidas legais contra a EUDR na OMC.

impacto para a agricultura e soberania nacional

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou a EUDR como um desrespeito à soberania brasileira. Ele destacou que 98% dos agricultores brasileiros cumprem o Código Florestal, considerado um dos mais rigorosos do mundo. Fávaro argumentou que o Brasil está comprometido em combater o desmatamento, mas de forma proporcional e sem imposições externas.

Ativistas ambientais, por outro lado, criticam as mudanças na lei, argumentando que a flexibilização prejudica a credibilidade da UE e pode criar brechas para a entrada de produtos vinculados ao desmatamento. Organizações como a Fern e o Greenpeace ressaltaram que a categoria “sem risco” pode beneficiar concorrentes como os Estados Unidos e a China, enfraquecendo os objetivos da EUDR de combater o desmatamento global.

próximos passos e incertezas

Com as emendas aprovadas, o texto voltará para negociações interinstitucionais entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão Europeia. Caso essas discussões não sejam concluídas até o fim do ano, a lei pode entrar em vigor em 2025 sem as alterações propostas, o que adiciona um novo grau de incerteza ao cenário.

Enquanto isso, o setor agropecuário brasileiro se prepara para enfrentar os desafios impostos pela legislação e busca alinhar estratégias de defesa comercial e diplomática. Com a crescente relevância do Brasil no mercado global, o país permanece em uma posição delicada, tentando equilibrar desenvolvimento econômico com compromissos ambientais em um contexto de regulamentações cada vez mais restritivas.

Fonte: Pensar Agro

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Agronegócio

Senado aprovou marco regulatório do mercado de carbono

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Como o Pensar Agro informou no início da semana, o Senado discutiu e aprovou na quarta-feira (13.11) o substitutivo da senadora Leila Barros ao projeto de lei 182/2024, que regulamenta o mercado de crédito de carbono no Brasil. A proposta, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), retorna à Câmara dos Deputados para nova análise, devido às alterações realizadas pelos senadores.

O mercado de carbono é uma ferramenta que permite a empresas e países compensarem suas emissões de gases de efeito estufa por meio da compra de créditos vinculados a projetos de preservação ambiental. O marco regulatório busca incentivar a redução das emissões poluentes e apoiar o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.

Inicialmente previsto para ser votado em 5 de novembro, o projeto teve sua análise adiada devido à complexidade do texto. Após novas discussões e ajustes, a votação foi concluída em uma sessão retomada na quarta.

A relatora Leila Barros destacou que o projeto é essencial para combater as mudanças climáticas e posicionar o Brasil como protagonista ambiental global. Ela ressaltou que a regulamentação permitirá que o país evite barreiras comerciais, como o mecanismo de ajuste de fronteira de carbono da União Europeia, além de atrair investimentos, fomentar o mercado voluntário de carbono e financiar a transição energética.

Leila destacou que o texto final manteve 80% do conteúdo aprovado pela Câmara, após consultas a representantes do governo, deputados e senadores. “Este projeto é histórico, não apenas para o Brasil, mas também para nossa legislatura”, afirmou emocionada, sob aplausos dos colegas.

O marco regulatório busca promover a preservação ambiental, especialmente na Amazônia. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) destacou que a floresta em pé precisa ter mais valor econômico que o desmatamento. Ele afirmou que o projeto ajudará a financiar iniciativas para a proteção da região e beneficiar sua população.

O senador Omar Aziz reforçou a necessidade de união entre os setores ambiental e agropecuário, evitando um antagonismo que possa atrasar o avanço do Brasil. “Juntos somos mais fortes. Precisamos discutir soluções para o nosso país sem transformar isso em uma luta de classes”, afirmou.

Embora tenha recebido apoio significativo, o projeto também enfrentou resistência. O senador Eduardo Girão e outros parlamentares expressaram preocupação com os custos que o mercado de carbono pode gerar para a produção nacional. Girão questionou o benefício real do projeto, afirmando que seria uma forma de atender a pressões externas.

O senador Marcio Bittar foi mais crítico, classificando o debate sobre o impacto do dióxido de carbono no clima como “baseado em premissas falsas”. Para ele, o Brasil está sendo coagido a impor dificuldades a si mesmo sem garantia de retorno.

O projeto de lei agora retorna à Câmara dos Deputados, onde as alterações feitas pelo Senado serão analisadas. Caso aprovado, o Brasil estará mais próximo de implementar um marco regulatório para o mercado de carbono, alinhando-se às práticas internacionais e fortalecendo sua posição como líder ambiental global.

O desfecho marca um passo significativo para a política climática do Brasil, em meio a um cenário global de crescente urgência por ações concretas contra as mudanças climáticas.

Fonte: Pensar Agro

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