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Agronegócio

Brasil e 16 países pedem que UE desista de sistema de classificação de risco de desmatamento

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Em uma nova carta enviada nesta terça-feira (29.10), o Brasil e outros 16 países exportadores agrícolas da América Latina, Ásia e África apelaram para que a União Europeia abandone o plano de classificação de risco de desmatamento para países exportadores, previsto na lei que Bruxelas implementará em 2025.

A legislação busca restringir a entrada no mercado europeu de produtos como carne bovina, soja, café, óleo de palma, madeira e cacau provenientes de áreas desmatadas após 2020. A chamada moratória da soja e da carne tem potencial de impactar até 30% das exportações brasileiras destinadas ao bloco europeu.

O grupo de países em desenvolvimento expressou apoio ao possível adiamento da aplicação da lei antidesmatamento por um ano, possibilidade que será votada pelo Parlamento Europeu em 13 e 14 de novembro. Ainda assim, os representantes ressaltaram a necessidade de ajustes substanciais na regulamentação, considerando que muitos pontos preocupantes não foram esclarecidos nos documentos apresentados recentemente pela União Europeia.

Críticas – Desde o início, o grupo de países manifesta oposição ao sistema europeu de classificação de risco por desmatamento, chamado de “benchmarking system”. Considerado discriminatório, o sistema propõe diferentes graus de controle aduaneiro para cada país, conforme a avaliação de risco de desmatamento, o que, segundo os signatários, cria desvantagens para países com maior cobertura florestal, como o Brasil. Essa metodologia, afirmam, poderia gerar distorções comerciais, desestimulando até mesmo a produção sustentável e desmatamento zero, além de limitar o desenvolvimento econômico dos países afetados.

Na prática, a classificação de risco implicaria em controles aduaneiros diferenciados para cada tipo de produto: mercadorias de países de risco elevado estariam sujeitas a maior fiscalização, com mais contêineres inspecionados. Atualmente, a proposta inicial de Bruxelas prevê que, inicialmente, a maioria dos países receberia uma classificação de “risco padrão”, enquanto apenas os de alto risco enfrentariam monitoramento mais rigoroso. No entanto, o Brasil teme que, devido à presença da Amazônia Legal, o país seja considerado de alto risco, o que resultaria em maior controle e possíveis sanções às exportações.

Além das preocupações com o sistema de classificação de risco, o grupo de países criticou a precisão do Mapa Global de Cobertura Florestal de 2020, utilizado pela União Europeia para identificar áreas de floresta e agricultura. Segundo o grupo, o mapa apresenta imprecisões, incluindo a incorreta identificação de áreas agrícolas, o que poderia afetar negativamente a categorização de risco e a aplicação da lei europeia.

Cooperação – Em relação às iniciativas de cooperação técnica propostas pela União Europeia, os países consideraram as medidas insuficientes para lidar com os desafios enfrentados por seus produtores, especialmente os pequenos. As autoridades pedem que a União Europeia promova um diálogo mais concreto e desenvolva uma regulamentação mais flexível, que leve em consideração as particularidades dos países produtores e as práticas sustentáveis locais.

Na carta, o grupo de países expressa preocupação com a abordagem única da regulamentação antidesmatamento. Segundo o documento, tal abordagem não leva em conta as particularidades de cada cadeia produtiva, as políticas nacionais de substituição de cultivos nem os desafios específicos enfrentados por pequenos produtores. Para eles, a abordagem ignoraria a existência de sistemas de certificação que já demonstraram resultados positivos e verificáveis em diversos países, utilizando parâmetros e critérios próprios.

A carta foi endereçada às principais lideranças da União Europeia, incluindo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, bem como ao representante da Hungria, atual presidência rotativa do bloco, e a líderes de partidos políticos europeus. O documento é assinado por representantes do Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, México, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras, Paraguai e Peru, além de Gana, Namíbia e Costa do Marfim, produtores africanos de café e cacau, e Indonésia, Malásia e Tailândia, exportadores asiáticos de produtos que também serão afetados pela nova lei.

O grupo finaliza a carta com um pedido para que a União Europeia redirecione seus esforços no aprimoramento da legislação, evitando consequências negativas para o comércio e promovendo uma maior colaboração entre as partes, visando alcançar objetivos ambientais e de desenvolvimento sustentável em comum.

Fonte: Pensar Agro

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Agronegócio

Mapa projeta crescimento sólido na produção para a próxima década

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou, nesta quarta-feira (30.10), o estudo “Projeções do Agronegócio, Brasil 2023/2024 a 2033/2034”, com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As estimativas apontam um avanço expressivo na produção agrícola e na produção de proteína animal nos próximos dez anos, com destaque para culturas como soja, milho, trigo, arroz e café, além de um aumento robusto nas exportações de carnes.

  • Soja (25,1%);
  • Milho da safra de inverno (24,9%);
  • Trigo (18,4%);
  • Arroz (+20,3%); e
  • Feijão (+38,1%)

A produção de grãos deve alcançar 379 milhões de toneladas na próxima década, impulsionada pelo aumento na área plantada, que pode crescer 15,5% e atingir 92,2 milhões de hectares. Culturas como soja, milho de segunda safra e trigo são apontadas como os principais motores desse crescimento, em resposta tanto ao mercado interno quanto à demanda de exportação.

A soja segue como o principal produto entre os grãos, com previsão de chegar a 199,4 milhões de toneladas, um aumento de 52 milhões de toneladas em relação ao período atual. O milho, com crescimento projetado de 32,3%, deve alcançar 153,1 milhões de toneladas, especialmente devido ao aumento do plantio na safra de inverno. Esse grão também vem sendo cada vez mais direcionado à produção de etanol, o que deve sustentar a expansão.

O trigo, por sua vez, está previsto para crescer 18,4% em área plantada, enquanto o arroz e o feijão também devem aumentar suas áreas em 20,3% e 38,1%, respectivamente. O objetivo é atender tanto ao consumo interno quanto às exportações, que se mostram promissoras para esses produtos.

Além dos grãos, o café é outro destaque na projeção. A produção do grão deve aumentar 31,9%, chegando a 72 milhões de sacas, o que permitirá não apenas atender ao mercado interno, mas também consolidar as exportações. A expansão do café reflete tanto o crescimento do consumo nacional, estimado em 27 milhões de sacas, quanto a forte demanda internacional, que deve absorver 45 milhões de sacas.

O setor de proteínas animais também apresenta projeções de crescimento significativo. A produção de carne de aves deve aumentar 28,4%, enquanto a suína terá alta de 27,5% e a bovina, de 10,2%. Esse aumento reflete tanto o crescimento do consumo interno quanto a expansão das exportações, impulsionada por novos acordos comerciais que o Brasil tem firmado com países importadores.

As exportações de carne de aves devem crescer 29,7%, as de suínos, 22,5%, e as de bovinos, 27,1%. A ampliação dos mercados compradores e o fortalecimento dos laços com parceiros comerciais garantem ao Brasil uma posição de destaque como fornecedor global de proteína animal.

O estudo do Mapa é publicado anualmente e serve de referência tanto para a formulação de políticas públicas voltadas ao setor agropecuário quanto para o planejamento do setor privado. Com a projeção de dados para 28 produtos, incluindo algodão, cana-de-açúcar, frutas e carnes, o documento orienta o planejamento de plantio, consumo e exportação no longo prazo.

Fonte: Pensar Agro

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