O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) atingiu a marca de 500 profissionais de segurança pública capacitados no curso de Adaptação à Fronteira, que especializa policiais como operadores de fronteira.
A capacitação foi criada em 2018 com o objetivo de aperfeiçoar e levar conhecimento aos policiais que operam junto ao Gefron contra crimes fronteiriços.
O curso, que possui a duração de seis dias e 90 horas, forma profissionais que atuam em unidades estaduais e federais como Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Corpo de Bombeiros Militar e Marinha do Brasil.
Por ser um curso de referência, além de Mato Grosso, já foi ofertado para policiais dos estados do Acre, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná e Rondônia.
O principal objetivo da capacitação é criar camadas territoriais, por meio de profissionais especializados em crimes de fronteira, para dificultar a rota de criminosos com veículos e outros objetos e produtos ilegais. Assim, os criminosos precisam passar por várias cidades em que haverão policiais com conhecimentos necessários para identificar e reprimir o crime.
O major PM Marcos Ferreira de Oliveira, gerente de instrução do Gefron, exemplifica a importância do conhecimento entre os profissionais de segurança pública.
“Organizações criminosas especializadas em adulteração de veículos em Cuiabá, para chegar na fronteira, precisam sair da capital para outras cidades. Se um policial conseguir identificar o veículo como adulterado e já não deixar ele sair daqui, é muito melhor. Para as outras cidades, se tiver mais policiais que possam identificar, é uma forma de criar barreiras contra esses criminosos”, explica.
O crime de fronteira é composto por transporte de veículos roubados, tráfico de drogas e de armas, contrabando e de descaminho, que consiste em desvio de mercadorias para não serem tributadas.
O curso é dividido em dois módulos. O primeiro é voltado para a busca veicular e identificação de fraudes veiculares. Já o segundo para técnicas de patrulhamento rural de fronteira e técnicas de confronto armado.
No módulo um, os policiais são ensinados a fazer buscas de drogas, armas e munições em carros, caminhões e outros veículos, identificando como ele foi adulterado ou alterado. Além disso, os policiais também aprendem a identificar se um veículo é original, clonado ou se ele ou partes dele sofreram adulteração.
Já no módulo dois, são realizados treinamentos de rastreamento básico e de humanos, além de ensinadas técnicas de confronto armado veicular, em ambiente rural e em baixa luminosidade.
O curso do treinamento do Gefron também já fez parte de edições fechadas para o Curso Ações de Policiamento Fluvial da PMPA (Pará), Curso de Operações Táticas Especiais da PJCMT, Curso de Operações Táticas Especiais da PJCRO (Rondônia), Curso de Policiamento Ambiental da PMMT, Curso de Formação de Oficiais da PMMT, e o Curso de Operações ROTAM da PMMT, que iniciou nesta semana com a 21ª edição da capacitação de fronteira.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.