Mais de 150 pessoas, entre produtores, técnicos, servidores, autoridades, estudantes e moradores, participaram da palestra de abertura do Mutirão CAR Digital, nesta segunda-feira (23.09), em Tangará da Serra (a 240 quilômetros de Cuiabá), e puderam conhecer mais sobre a regularização ambiental em Mato Grosso. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) participa do mutirão, que tem o objetivo de sanar dúvidas sobre a validação do registro ambiental nas propriedades e segue até quinta-feira (26).
O produtor José Joaquim Camelo, da chácara Nossa Senhora Aparecida, participou da palestra e buscou orientação com os técnicos da Sema para regularizar sua propriedade de 18 hectares, onde produz, café, banana, hortaliças e cabeças de gado.
“Vendo para feirantes de Tangará da Serra e região e o gado faço negócio com vizinhos. Estou na cidade desde 1972, sou natural da Bahia, mas tenho muito orgulho do que construí em Mato Grosso. Sem o CAR não conseguiria ter uma renda fixa. Minha maior dor de cabeça era por falta de conhecimento. Com a orientação da técnica que me atendeu, ela explicou que o meu processo vai para homologação, mas terei que esperar alguns dias. Situação simples que por falta de ter procurado ajuda antes, perdi várias noites de sono”, contou.
Na abertura, ocorrida na Associação Comercial e Empresarial de Tangará da Serra (ACITS), a secretária adjunta de Gestão Ambiental, Luciane Bertinatto, falou sobre as “Oportunidades e Desafios da Regularização Ambiental em Mato Grosso”. Ela pontuou que o cadastro ambiental rural é a identidade do imóvel com todas as características da propriedade como: hidrografia, o uso do solo, o tipo de vegetação e obras de infraestrutura.
“O CAR é o conjunto de informações ambientais da propriedade. O Código Florestal Brasileiro, exige que o produtor crie essa identidade e que tenha uma base de dados, para que os órgãos de governo possam fazer o acompanhamento e a fiscalização”, explica.
O presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Romeu José Ciochetta, agradeceu a parceria com a Sema e enalteceu a iniciativa que tem o objetivo de orientar o produtor. “É muito importante entender como o sistema funciona e sua importância. O CAR é o RG de tudo que um produtor investiu ao longo da sua vida de muito trabalho e dedicação. Entender para que serve e suas particularidades é um passo grande para qualquer homem do campo”.
Os atendimentos com os analistas do CAR começaram na manhã desta terça-feira (24) e seguem até quinta-feira (26), das 8h às 17h, no Sindicato Rural, no Parque de Exposições, na Avenida Lions Internacional, Parque da Serra.
Victor Hugo Donato de Moraes, que atende 20 produtores da cooperativa Coprodia (Usina de Álcool de Campo Novo dos Parecis), saiu muito satisfeito com todas as orientações que recebeu. “Trouxe várias situações de cooperados que desejam regularizar algumas pendências para estar com o CAR validado. Ouvi atentamente cada uma delas e estou levando para explicar aos produtores que irão analisar cada particularidade”, destaca ele.
Foram convidados para participar produtores de todos os municípios da região, entre eles: São José do Rio Claro, Nova Maringá, Diamantino, Campo Novo do Parecis, Brásnorte, Sapezal e Campos de Júlio.
O evento, realizado pelo Sindicato Rural de Tangará da Serra, tem a parceria da Sema, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Associação dos Produtores de Algodão (Ampa), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Instituto Mato-grossense de Carne (IMAC) e JBS. A ação foi patrocinada pelo Senar e Sicoob Credisul.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.