Três pessoas foram presas em flagrante pela Polícia Civil de Juína, na tarde desta segunda-feira (12.08), durante cumprimento de mandados de busca e apreensão domiciliar para investigar um homicídio.
Uma mulher, de 20 anos, integrante de facção criminosa e investigada por diversos crimes no município, foi autuada em flagrante por ocultação de cadáver, tráfico de drogas e integrar organização criminosa. Na mesma ação, um homem, de 58 anos, foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Uma outra mulher, de 62 anos, também foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
A ação resultou na localização do cadáver da vítima José Almiro Monte, o “Zezinho da Nutrisolo”, que era considerado desaparecido há quase 30 dias. As investigações apontam que a vítima teve a morte decretada por adquirir drogas por fora e sem autorização de uma organização criminosa.
As investigações para apurar o desaparecimento da vítima iniciaram no dia 16 de julho, após a sua esposa procurar a Delegacia de Juína. Segundo informações prestadas pela mulher, a vítima foi vista pela última vez na noite do dia anterior, por volta das 19 horas, em uma lanchonete na Praça Módulo 05. Depois disso, não deu mais notícias.
Durante as investigações, foi possível levantar elementos sobre os possíveis envolvidos no crime e pedir por dois mandados de busca e apreensão contra os investigados, um homem e uma mulher. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça.
Nas buscas na residência do alvo do sexo masculino, os policiais localizaram uma caminhonete com grande porção de entorpecentes, o que levou a sua prisão em flagrante por tráfico. Já na residência em que estava a investigada, foram encontradas porções de entorpecentes e armas de fogo com numerações suprimidas, que pertencia a uma segunda mulher, a proprietária da casa. As duas também foram presas em flagrante.
Questionada sobre o desaparecimento da vítima e diante dos objetos ilícitos apreendidos, a jovem decidiu colaborar com as investigações e revelar o local em que o corpo da vítima estava enterrado.
O cadáver, já em avançado estado de decomposição, foi localizado em uma cova rasa, em uma região de mata, no bairro Palmiteira, próximo ao Setor Industrial, em um setor de chácaras. A equipe da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) esteve no local e retirou o corpo da vítima, que foi posteriormente reconhecido por seus familiares.
Os três suspeitos foram conduzidos à Delegacia de Juína. Após serem interrogados pelo delegado Ronaldo Binoti Filho, eles foram autuados em flagrante pelos respectivos crimes e colocados à disposição da Justiça. As investigações seguem em andamento para identificar outros possíveis envolvidos no crime.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.