A entrevista entre os bilionários Elon Musk, dono do X, e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, prevista para começar às 20h desta segunda-feira (12) no horário de Brasília, enfrentou várias dificuldades técnicas, mostrando despreparo da plataforma para receber os usuários no “Space” criado para a conversa.
O evento virtual só deu sinais concretos de que ocorreria por volta das 21h35, quando o microfone da conta de Trump foi acidentalmente desmutado. Naquele momento, cerca de 850 mil pessoas estavam ouvindo ao vivo. A transmissão efetiva começou apenas às 21h42, com Musk atribuindo a demora a supostos ciberataques na plataforma.
Após os pedidos de desculpas e cortesias iniciais, os bilionários se esforçaram para moldar a conversa como um diálogo amigável, voltado para “eleitores independentes e de mente aberta”, que evitasse qualquer questionamento adversarial.
O sul-africano, então, iniciou a entrevista mencionando a tentativa de assassinato contra Trump em 13 de julho, elogiando o ex-presidente, e fazendo declarações como “eu estava ansioso para endossá-lo como presidente dos Estados Unidos”.
O republicano descreveu o incidente como “nada agradável”, adotando um tom melodramático para o um milhão de ouvintes, ao afirmar que “ninguém sabia se eu estava vivo”. Ele prometeu, ainda, voltar para Butler, cidade onde ocorreu o atentado, no mês de outubro.
Sobre o que foi a ‘conversa amigável’?
A imigração ilegal foi um dos temas mais mencionados durante a conversa. Trump afirmou que estava quebrando recordes em sua gestão, e criticou as políticas dos democratas, referindo-se ao presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris. “Nunca houve um país na história com uma catástrofe como essa”, disse ele, aludindo à suposta piora dos números, que poderia ser associada a uma política de imigração mais permissiva.
Trump ainda afirmou que mais de 20 milhões de pessoas entraram ilegalmente nos Estados Unidos, acusando Harris de incompetência, uma vez que a democrata atuava diretamente com políticas de fronteira: “Eu acho que ela é mais incompetente que ele”, disse, na transmissão ao vivo.
Embora tanto o dono do X quanto o ex-presidente tenham reconhecido que há imigrantes sem documentação que contribuem positivamente para o país, ambos insistiram na narrativa de que muitos destes são criminosos, em uma tentativa de instigar o medo e reforçar estereótipos negativos.
Trump já havia difamado imigrantes sem documentos em sua campanha, alegando, sem provas, que países ao redor do mundo estariam esvaziando suas prisões e instituições mentais enviando pessoas em massa para os Estados Unidos.
As declarações de Trump sobre imigração foram acompanhadas por outras alegações sem base, como a de que a guerra na Ucrânia e o conflito em Israel não teriam ocorrido se ele tivesse sido reeleito em 2020. Ele destacou, também, suas supostas boas relações com líderes autoritários como Vladimir Putin e Kim Jong Un.
O candidato republicano espera que a entrevista o ajude a ganhar força após Kamala Harris revitalizar o espaço dos democratas nas eleições presidenciais de 2024, e Musk, por sua vez, apoiou Biden em 2020, e nem sempre mostrou interesse na campanha de Trump.
Em 2016, o bilionário sul-africano disse à CNBC que Trump “não era o cara certo”, e em 2022, afirmou no X que Trump teria 82 anos ao fim de um eventual segundo mandato, “o que é velho demais para ser chefe executivo de qualquer coisa, ainda mais dos Estados Unidos da América.”
Elon Musk, os Spaces, e o Partido Republicano
O episódio lembra a tentativa de Musk de trazer o governador da Flórida, Ron DeSantis, para uma entrevista no X no ano passado, enquanto o republicano iniciava sua campanha para presidência dentro do Partido Republicano.
Na ocasião, o evento atrasou 30 minutos devido a problemas técnicos, e atraiu 500 mil ouvintes, conforme relatou o Washington Post.
Trump, que não tinha uma conta ativa no X desde a invasão do Capitólio em 2021, teve seu perfil reativado por Musk em 2022, mas só voltou a usá-lo recentemente, no contexto da atual campanha presidencial.
Os primeiros posts recentes do ex-presidente no X ocorreram antes da entrevista com Musk, incluindo uma publicação em que ele questiona: “Você está melhor agora do que quando eu era presidente? Nossa economia está espedaçada. Nossa fronteira foi apagada. Somos uma nação em declínio. Torne o sonho americano ACESSÍVEL novamente. Faça com que os Estados Unidos sejam seguros de novo. Tornem os Estados Unidos GRANDES novamente!”
O que é um Space no X?
Os “Audio Spaces”, ou “Espaços”, do X são uma funcionalidade lançada em 2020 que permite a criação de salas de voz acessíveis a qualquer usuário.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.