Após questionamentos internacionais, contestação da oposição e espera do povo venezuelano, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), autoridade eleitoral venezuelana, Elvis Amoroso, declarou o presidente Nicolás Maduro reeleito com 5.150.092 de votos, ou 51,20% do total. O adversário, Edmundo González Urrutia, teve com 4.445.978 de votos, ou 44,2%, com 80% das urnas apuradas. Segundo Amoroso, o resultado era irreversível.
A oposição alegou ter vencido com mais de 70% dos votos e disse ter provas que ganharam as eleições.
“Temos 73,20% das atas e, com este resultado, o nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia”, disse María Corina Machado, líder oposicionista, conforme a agência Associated Press.
Corina acredita que, com base em atas de votação que a oposição já tem, González teve 6,2 milhões de votos, e, Maduro, 2,7 milhões.
“Com as atas que nos faltam, mesmo que o Conselho Nacional Eleitoral tenha dado 100% dos votos a Maduro, eles não são suficientes”, declarou Machado.
Na cerimônia, após a proclamação da vitória, Maduro acusou a oposição e a “extrema-direita” internacional de tentarem desestabilizar o país.
“Não é a primeira vez que enfrentamos o que enfrentamos hoje. Está sendo feita uma tentativa de impor um golpe de Estado na Venezuela, novamente. De natureza fascista e contrarrevolucionária”, disse Maduro.
“Os mesmos países que hoje questionam o processo eleitoral venezuelano, a mesma extrema direita fascista… foram os que quiseram tentar impor ao povo da Venezuela, acima da Constituição, um presidente espúrio, usando as instituições do país”, acrescentou, refereindo-se à autoproclamação como presidente interino do deputado Juan Guaidó, em 2019.
“Uma espécie de Guaidó 2.0”, continuou Maduro.
O que acontece agora?
Devido às dúvidas perante vitória de Maduro e a denúncia da oposição, a Venezuela pode ter três cenários a partir de agora:
Protestos
O primeiro seria uma onda de protestos contra o regime chavismo, que é o de Maduro, que vigora no país há 25 anos.
As manifestações, inclusive, já iniciaram após a declaração oficial da vitória de Nicolás Maduro.
Após o anúncio, moradores começaram fortes batidas de panelas e frigideiras em na capital, Caracas.
“Fraude!”, gritavam os moradores do bairro de Altamira. Para muitos eleitores, a eleição não acabou com o anúncio do CNE.
A líder da oposição, Maria Corina Machado, disse que trabalhará “até ao fim”.
“Isso significa que todos ficaremos nos centros de votação até que os votos sejam contados e os boletins de urna sejam obtidos. Faremos prevalecer a verdade e respeitaremos a soberania popular”, escreveu Machado na rede social X.
Rejeição internacional
Na segunda-feira (29), China e Rússia reconhecem vitória de Maduro, por outro lado, EUA e União Europeia cobram transparência dos resultados. O Brasil também pediu dados sobre o pleito e a verificação dos observadores em meio a denúncia da oposição, que alega que o adversário Edmundo González teve 70% dos votos.
O Itamaraty exigiu a divulgação das atas eleitorais e afirmou que se manifestará assim que tiver informações mais detalhadas.
Caso a eleição venezuelana tenha sido fraudada, é discutido a imposição de sanções, segundo os Estados Unidos.
O governo dos EUA afirmou que a implicação de sanções na Venezuela dependeria do desenvolvimento das eleições. Após o anúncio do CNE, o secretário de Estado do país norte-americano, Antony Blinken, expressou “sérias preocupações” de que “os resultados anunciados não reflitam a vontade ou os votos do povo venezuelano.”
“A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo”, disse Blinken.
Crescimento da migração
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), aproximadamente 7,7 milhões de venezuelanos deixaram seu país em busca de melhores condições de vida. A maior parte dessa migração ocorreu nos últimos anos, impulsionada por uma grave crise econômica que mergulhou milhões de pessoas na pobreza.
Nos últimos meses, o fluxo de emigrantes diminuiu, mas há preocupações de que a recente declaração da vitória de Maduro possa intensificar novamente essa corrente migratória.
Uma pesquisa realizada pela Meganalisis e divulgada em abril revela que cerca de 44,6% dos venezuelanos considerariam emigrar caso Maduro fosse reeleito para um terceiro mandato presidencial.
Além disso, uma pesquisa recente conduzida pela ORC Consultores indicou que mais de 18% dos entrevistados planejam deixar o país antes do final do ano caso Maduro vencesse as eleições.
Nicolás Maduro e Edmundo González Reprodução: Redes Sociais
Com 12 horas de votação, urnas são fechadas na Venezuela para eleições presidenciais Redação GPS
Maduro e Urrutia votam em Caracas Montagem/Reprodução
Edmundo González Urrutia pode derrotar Maduro Reprodução
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.