A China repeliu as acusações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre a sua ajuda à Rússia na guerra na Ucrânia. Na quarta-feira (10), a aliança criticou o papel desempenhado pelo governo chinês no conflito, considerado um “apoio decisivo” da campanha militar russa.
Os comentários aconteceram na cúpula da Otan, organização de 32 países que comemorou 75 anos. A reunião foi realizada entre os dias 9 e 11 de julho, em Washington D.C., nos Estados Unidos.
Segundo a aliança militar, as ações da China “aumentam a ameaça que a Rússia representa para seus vizinhos e para a segurança euro-atlântica”.
“Apelamos à República Popular da China, como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e com a responsabilidade particular de defender os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, a cessar todo o apoio material e político ao esforço bélico russo”, diz o comunicado da Otan.
China rebate
Em resposta, o governo do presidente Xi Jinping, pediu que Otan “pare de exagerar a suposta ameaça da China e de provocar confrontos e rivalidades”, segundo a missão do país asiático junto à União Europeia.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, acusou a Otan de difamar seu país com “desinformação fabricada”.
“A China urge a Otan a (…) parar de interferir na política interna da China e de manchar a imagem da China, e a não criar o caos na Ásia-Pacífico depois de gerar turbulência na Europa”, disse Lin.
Pequim também solicitou à Otan que evite intervir na Ásia-Pacífico e argumentou que as tentativas dos Estados Unidos e seus aliados de reforçar os laços militares e de segurança com os países vizinhos à China prejudicam os interesses nacionais, além de ameaçar a paz e a estabilidade na região.
As críticas aconteceram enquanto a China realiza exercícios militares com Belarus, país que o presidente russo Vladimir Putin utilizou como base para a invasão da Ucrânia em 2022, próximo à fronteira com a Polônia, membro da Otan.
O ministro das Relações Exteriores da China caracterizou os exercícios como uma operação militar de rotina, sem alvo específico contra qualquer nação.
A China desempenha um papel de liderança na Organização de Cooperação de Xangai, uma aliança multilateral focada em defesa que inclui Rússia, Índia, diversos países da Ásia Central e, recentemente, Belarus.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.