Após 30 anos de espera pela regularidade de propriedades rurais, 105 famílias que moram no assentamento Gleba Resistência, no município de Santo Antônio de Leverger (a 34 km de Cuiabá), receberam do Governo de Mato Grosso as escrituras das suas terras, devidamente registradas em cartório, neste domingo (23.06).
O assentamento foi criado em 1996 e possui área total de 2.840 hectares. Ao todo, 117 famílias vivem no local.
Entre as famílias beneficiadas estão a do casal João Batista de Arruda e Maria Angela, que aguardava ansiosos por esse documento.
“A gente tinha muita preocupação porque sempre tinha muita promessa, mas nunca saía. Mas agora saiu e estamos muito felizes porque vamos poder produzir tranquilos, sem nenhuma preocupação e sem medo de perder. Nós quase vendemos a terra, colocamos preço no lote. Mas graças a Deus desistimos porque agora podemos até pegar um financiamento para fazer melhorias. A gente pretende fazer mais pasto e voltar a criar vacas”, declarou o casal.
O presidente do Instituto de Terras (Intermat), Francisco Serafim, destacou que o Governo de Mato Grosso está cumprindo o seu papel, levando segurança jurídica para milhares de famílias mato-grossenses por meio da regularização fundiária.
“Tem quase três décadas que essas famílias lutavam por essa regularização. Por isso, o governador Mauro Mendes pediu que nós acompanhássemos e déssemos uma atenção especial para esse assentamento. Isso foi feito e hoje estamos aqui concluindo esse trabalho com chave ouro, com uma grande festa para entregar os documentos definitivos. As famílias aqui são produtoras e tiram o seu sustento da terra, os produtos produzidos aqui são consumidos em toda Cuiabá”, disse. O presidente do Intermat, Francisco Serafim, realizou a entrega – Crédito: Christiano Antonucci/Secom-MT
O trabalho de regularização foi realizado pelo Intermat, com a colaboração da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Com imóvel rural escriturado, os moradores do assentamento passam a ser legalmente proprietários e podem realizar a venda do imóvel, reformar e construir com segurança. Além disso, somente com essa documentação é oportunizado linhas de diversos financiamentos usando o bem como garantia.
A prefeita de Santo Antônio do Leverger, Francieli Magalhães, que esteve presente na entrega das escrituras, destacou a importância do trabalho realizado com a união dos Poderes.
“É um dia muito feliz, só temos que agradecer o nosso governador Mauro Mendes e ao Intermat porque é um momento de realização para essa comunidade. Esses títulos estavam sendo aguardados há mais de 30 anos e nós sabemos da luta diária dessa população que é produtora, que depende da documentação para ter segurança daquilo que é seu. O município só tem a ganhar com um momento como esse e todos aqueles que sonharam e acreditaram que esse dia chegaria. Quando os Poderes trabalham em sintonia, o resultado acontece e quem ganha com isso é a população”, disse. “Vai ficar na história”, diz Joelza Amarantes depois de receber sua escritura – Crédito: Christiano Antonucci/Secom-MT
Outra moradora beneficiada com a escritura da sua terra foi Joelza Amarantes, que é presidente da Associação de Moradores da Gleba Resistência. Ela descreveu o momento como um dia histórico para a comunidade.
“O dia de hoje é só gratidão. Eu esperei por 29 anos por esse dia e hoje eu peguei meu documento nas minhas mãos e sei que sou dona da minha terra. Nós temos muito a agradecer ao Governo do Estado pelo que fizeram por nós, não foram 29 dias, foram quase 30 anos. Meus familiares estão todos aqui hoje para comemorar comigo, minha filha viajou 500 quilômetros para participar dessa festa. Agora muda até a movimentação da comunidade, pois quem quiser, vai poder fazer empréstimo sem burocracia porque estão com o documento em mãos. Tem pessoas que queriam produzir mas não tinham condições, mas agora vão poder conseguir investimentos para começar a fazer o que sonham. É um dia que vai ficar na história da Gleba Resistência”, comemorou.
As despesas com a emissão do documento para famílias com renda não agrária de até três salários mínimos e lote menor que 100 hectares são custeadas pelo Governo do Estado. Desse modo, o morador não precisa gastar com as taxas, que em média custariam entre R$ 20 mil e R$ 30 mil cada.
Para a gratuidade, também é necessário que o morador não tenha sido beneficiado com outros programas de regularização fundiária e não tenha outro imóvel no nome. Desde o início da atual gestão, foram entregues 398 escrituras rurais somente na baixada cuiabana e mais de 1.500 mil em todo Mato Grosso.
Os moradores que não puderam comparecer na solenidade para receber o documento, poderão se dirigir ao Intermat de segunda a sexta, das 8h às 16h, para retirar a escritura de regularização.
Entre as autoridades presentes no evento estavam o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, o deputado estadual Wilson Santos, o procurador do Estado Laerte Jaciel Scalco Acendino, o diretor Rural do Intermat Danilo Fernandes Lima, a assessora executiva do Intermat Iza Karol Gomes Luzardo Pizza, o diretor executivo do Intermat Klismahn Santos, além de secretários municipais e vereadores.
“O Estado de Mato Grosso tem feito, em especial nos últimos anos, uma atuação expressiva e significativa na atenção às pessoas egressas do sistema prisional, como a implantação dos Escritórios Sociais, qualificação e composição de equipes”, afirmou a diretora de Cidadania e Políticas Alternativas do Governo Federal, Mayesse Silva Parizi durante o Encontro Nacional da Política Nacional de Atenção à Pessoa Egressa do Sistema Prisional (PNAPE), realizado nesta quinta-feira(07.11), em Cuiabá,
De acordo com Parizi, a escolha de Cuiabá para sediar esse evento foi estratégica, dada a relevância das ações desenvolvidas como parte do Sistema Prisional pelo Governo de Mato Grosso, por intermédio da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Conforme balanço apresentado pela Fundação Nova Chance (Funac), órgão responsável pela assistência e reinserção social de pessoas em privação de liberdade e deixando a prisão, somente em 2024, até o mês de outubro, o Governo intermediou a contratação de cerca de cinco mil pessoas privadas de liberdade e egressos.
Atualmente, existem 266 contratos ativos com cerca de 250 órgãos públicos e empresas privadas mato-grossenses que empregam mão de obra de trabalhadores privados de liberdade e egressos do sistema prisional.
Durante o encontro, o secretário adjunto de Segurança Pública, Coronel PM, Héverton Mourett de Oliveira, lembrou que os resultados alcançados pela atual gestão só foram possíveis a partir da união dos esforços do Poder Executivo com o Judiciário, Ministério Público, Defensoria, prefeituras e outras instituições públicas e privadas.
“Essa melhoria ocorreu porque foi possível compartilhar os desafios e somar esforços com outros órgãos para que pudéssemos enfrentar a questão da reinserção social”, destaca Mourett.
De acordo com o coronel Mourett, para que isso possa acontecer as instituições e os poderes trabalham para criar normativas e novas estruturas que permitem atender melhor aqueles que estão em iminência de deixar a prisão e os que já estão em liberdade e necessitam do suporte do poder público e da sociedade para voltar ao mercado de trabalho e assegurar renda para si e suas famílias.
O secretário adjunto da Administração Penitenciária, Jean Gonçalves, citou os avanços para abertura de mais vagas e modernização das unidades prisionais do Estado, onde começa o processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade.
Conforme dados da Sesp, entre 2029 e 2023, o Governo de Mato Grosso investiu R$ 300 milhões em obras e reforma das unidades prisionais. Como resultado desses investimentos, o levantamento anual do Governo Federal, este ano apresentado em outubro, Mato Grosso possui 12.988 vagas para 12.856 presos em 41 unidades prisionais. O superávit é de 132 vagas. “Houve investimento massivo na construção de vagas em um primeiro momento, para que posteriormente pudéssemos oferecer oportunidade de trabalho, educação, curso profissionalizante”, pontuou.
“Muitos estados fecham as portas para os órgãos fiscalizadores. Aqui fizemos diferentes, nós abrimos as portas para que seja possível buscar solução para os problemas encontrados. Essa é a nossa metodologia em Mato Grosso, nós temos um trabalho coeso entre os poderes, cada um dentro da sua atribuição”, acrescentou Jean Gonçalves.
Nova Chance
Durante o encontro, o presidente da Fundação Nova Chance, Winkler Freitas, instituição responsável pelo atendimento a pessoas egressas e sua família, detalhou a atuação da instituição e fez um balanço dos números alcançados desde o início do ano.
Freitas explicou que em 2020, a partir da união dos Poderes Executivo, Judiciário e outras instituições públicas foram instituídos os Escritórios Sociais, que funcionam como um braço da Funac no atendimento e intermediação da mão de obra de egressos e pré-egressos do Sistema Penitenciário com empresas privadas e órgão públicos.
Desde então, são 10 escritórios funcionando em Cuiabá em cidades como Rondonópolis, Sinop, Barra do Garças, Sorriso, Tangará da Serra e Lucas do Rio Verde.
Encontro Regional
Além de Mato Grosso, o evento reuniu autoridades dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e de Brasília, que discutiram temas como: a Implementação da PNAPE, Espaço de reintegração social da pessoa egressa e seus familiares; Metodologia de Gestão dos Serviços Especializados e inserção entre gênero e raça, Políticas Públicas para trabalho e inclusão produtiva da pessoa egressa e seus familiares.